Algumas vezes se torna mesmo muito difícil aceitar a existência de Deus. Não como um ser antropomórfico, de barbas brancas e idade avançada, mas mesmo a idéia de Deus, como um conjunto de princípios que regem o universo, de leis que regulam o relacionamento humano, no seu nível mais profundo. Às vezes penso até que a Lei de Causa e Efeito, da reencarnação, é mais um ardil, um chamamento à resignação dos oprimidos. Porém, a História já mostrou por diversas vezes que a violência gera mais violência, que o combate utilizando as mesmas armas dos opressores, não é o ideal. Sangue lembra lágrimas, separações, dor.
Estará a humanidade abandonada? Ou Deus não existe? De onde e como surgimos então? Será nossa origem inconsciente? Terá o Criador, se existir, consciência dos destinos escolhidos por parte de sua criação? A origem. O inicio. O indefinido. De onde viemos? Por quê tal não nos é revelado? Muito pouco tem sido fornecido, enquanto a humanidade despenca por um abismo sem fim. Mergulha na escuridão e no desrespeito ao semelhante. E Deus onde está?
Se o motor falha, o mecânico que o projetou e construiu, faz os acertos necessários para que volte a funcionar bem. Se a casa apresenta rachaduras, o pedreiro que a construiu faz os reparos, consertando-a. Se o relógio não funciona bem, o fabricante ou relojoeiro o conserta. Por quê aparentemente Deus não faz nada para mudar o mundo, as pessoas. Suas leis serão para serem executadas dessa forma? Só com muito sofrimento e pesar os homens se odiarão menos. Só com muitas lágrimas, virá a paz duradoura.
Temos que confiar em algo superior ao ser humano. É certo que o momento é de ceticismo e mesquinharia, mas vez ou outra desponta um sinal que serve de alento e esperança. Devemos no íntimo de nosso ser, vislumbrar um mundo melhor, mais acolhedor, mais amigo. Devemos pensar e pesar nossos atos, para darmos um espaço para a manifestação Divina, se esta existir. Não é possível que tenhamos surgido do nada, pois do nada coisa alguma se pode gerar. Se existimos por acaso, se nada dirige o curso da evolução humana, é maior ainda nossa responsabilidade, pois frutos da expansão do próprio universo, que se conheceu no homem, se descobriu no ser consciente de si mesmo, devemos envidar todos os esforços para o aprimoramento, para o burilamento dos aspectos negativos de nossa personalidade, pois em sendo assim, nos caberia totalmente a responsabilidade pelo progresso ou estacionamento.
Não entendemos o plano Divino. Também não enxergamos além das serras. Temos o nosso universo finito, nossa compreensão finita e analisamos tudo o mais, unicamente com nossa capacidade de percepção e assimilação.
Encerro desejando que “o sal (sabedoria) seja dado na medida do esforço de filtrá-lo das águas do mar. A cada um conforme seu merecimento”.